quarta-feira, 18 de junho de 2008

O ócio é criativo!

“A guerra deve ser em função da paz,
A atividade em função do ócio,
As coisas necessárias e úteis em função das belas”.
(Aristóteles)

sociólogo italiano Domenico de Masi, é um dos mais polêmicos e inovadores pensadores da era pós-industrial. Autor de obras como o "O ócio criativo", publicado no ano de 1995, De Masi acredita que no futuro a sociedade terá mais tempo para se dedicar a outras esferas da vida, que não o trabalho. Há esse tempo livre ele chama de ócio. E criativo porque permitirá o desenvolvimento de idéias novas.

De Masi defende a idéia que estamos saindo de um mundo industrial e entrando num outro, pós-industrial. Numa sociedade em que o trabalho será cada vez mais realizado pelas máquinas. No trabalho ou no ócio resta a interessante tarefa de serem criativos. Em entrevista a Paliere (2000) De Masi fala que “Estamos habituados a desempenhar funções repetitivas como se fôssemos máquinas e é necessário um grande esforço para aprender uma atividade criativa, digna de um ser humano”.

“Ajudei a retirar uma mulher de sessenta e cinco anos da máquina ensangüentada que tinha acabado de arrancar-lhes os quatros dedos de uma mão e ouço ainda seus gritos: “Meu Jesus Cristo, Virgem Maruá, não vou poder mais trabalhar”. (Alvin Toffler)

De Masi acredita num maior número de horas livres que passaremos a ter e lembra que, em outros tempos, em que isto também se deu, este tempo foi bem aproveitado para o crescimento intelectual e organizacional do homem. Foi assim, por exemplo, que surgiu a escola. E é exatamente por meio da escola que devemos conscientizar nossos jovens e futuros profissionais para que saibam desfrutar do tempo livre para o pensar e o criar.

"A criatividade é que nos leva a buscarmos algo que todas as empresas na sociedade Pós-industrial precisam obter e que recebe a denominação de inovação. É de Gary Hamel, um dos maiores nomes da administração moderna, a sentença: “Você não consegue criar mais lucro sem criar novas receitas. Se quiser gerar riqueza, a empresa tem de inovar”. E Eduardo Ferraz nos diz: “A velha prática de copiar processos e importar tecnologia tende a não dar certo com o aprofundamento da globalização. Somente com produtos e serviços diferenciados é que nossas empresas conseguirão ganhar os mercados lá fora". (LUCCI, 2003)


Por fim, Elian Alabi Lucci enumera algumas indicações para que o ócio seja criativo:

1. Procure viver a vida. Como diz Vinicius “A vida foi feita para viver”. Os criativos sabem harmonizar vida e trabalho;

2. Procure ler bastante. Como todos somos “biografáveis”, é útil o confronto com “outras” biografias;

3. Cultive uma vida espiritual. Se o próprio Deus é lúdico (Prov. 8, 30), a meditação deve nos levar também a desenvolver valores lúdicos;

4. Ouça música, uma grande fonte inspiradora de criatividade. O compositor é um grande observador que nos ensina a interagir com o mundo e não apenas “ver o mundo passar”;

5. Procure ouvir mais do que falar. Compartilhar as experiências dos outros é uma grande fonte de criatividade. Se, utilizando uma ferramenta como alavanca, aumentamos poderosamente nossa capacidade de erguer pesos, ouvindo alavancamos a criatividade.

“O futuro pertence a quem souber libertar-se da idéia tradicional do trabalho como obrigação ou dever e for capaz de apostar num sistema de atividades, onde o trabalho se confundirá com o tempo livre, com o estudo e com o jogo, enfim, com o “ócio criativo”". (DE MASI, 1995)


Referências:

Disponível em http://www.hottopos.com/videtur21/elian.htm acesso em 16/06/2008.
Disponível em
https://sabotagem.revolt.org/sites/sabotagem/files/O_%C3%93cio_Criativo_-_Domenico_de_Masi.pdf acesso em 16/06/2008.

domingo, 8 de junho de 2008

Tempo x Trabalho na era do Capitalismo Industrial

O historiador inglês E. P. Thompson no seu artigo Tempo, Disciplina de Trabalho e Capitalismo Industrial, buscou através dos costumes dos povos primitivos, comunidades de pequenos agricultores e pescadores em suas tarefas diárias, a notação de tempo.

A notação de tempo que surge tem sido descrita como "orientação pelas tarefas", segundo Thompson elas se tornam um problema quando se emprega "mão-de obra", pois "a economia familiar do pequeno agricultor pode ser orientada pelas tarefas, mas em seu interior pode haver divisão de trabalho", nesse caso o tempo começa a se transformar em dinheiro.

"Aqueles que são contratados experienciam uma distinção entre o tempo do empregador e o seu "próprio" tempo. E o empregador deve usar o tempo de sua mão-de-obra e cuidar para que não seja desperdiçado: o que predomina não é a tarefa, mas o valor do tempo quando reduzem a dinheiro. O tempo agora é moeda: ninguém passa o tempo, e sim o gasta." (Thompson, 2005, p.,272).

Thompson descreve que a partir da Revolução Industrial no séc. XVIII em diante, o relógio passou a ser um símbolo de status. Após o ano de 1790 haviam muitos relógios no país 0 símbolo de "luxo" mudou para "conveniência". Nessa época houve então "uma difusão geral de relógios portáteis e não portáteis, no exato momento em que a Revolução Industrial requeria maior sincronização do trabalho". Com isso o relógio passou a regular o ritmo de vida industrial e ao mesmo tempo uma das mais novas necessidades que o capitalismo industrial exigia para impulsionar o seu avanço.

Havia uma preocupação simultânea "com a percepção do tempo e seu condicionamento tecnológico e com a medição do tempo como meio de exploração da mão-de-obra". Os donos de fábricas têxteis e as oficinas utilizavam a falta de conhecimento dos trabalhadores sobre o tempo para explorá-los. Em um relato de uma testemunha, ela afirma que trabalhavam no verão até onde podiam enxergar, pois somente os donos quem possuíam e podiam usar o relógio.

Segundo o autor, se antes os trabalhadores detinham o domínio sobre seu tempo, organizando-o pelas tarefas que realizavam e segundo suas necessidades, a nova disciplina industrial impunha a necessidade de que as tarefas passassem a ser organizadas pelo tempo, medido e determinado pelo relógio do empregador ou do patrão. A partir de então, o tempo deixava de ser um aliado para tornar-se um inimigo contra o qual o trabalhador lutava a fim de livrar-se de seu trabalho.

Na fase final da transição do capitalismo industrial, Thompson observou "uma reestruturação rigorosa dos hábitos de trabalho – novas disciplinas, novos estímulos, e uma nova natureza humana em que esses estímulos atuassem efetivamente”. Tal reestruturação, segundo Thompson, não era “uma questão de técnicas novas, mas de uma percepção mais aguçada dos empresários capitalistas empreendedores quanto ao uso parcimonioso do tempo.”

O grande problema enfrentado nessa reestruturação, foram as horas ociosas dos trabalhadores, havia uma grande preocupação com o tempo livre associado a não-produtividade. "Na sociedade capitalista madura, todo o tempo deve ser consumido, negociado, utilizado; é uma ofensa que a força de trabalho meramente "passe o tempo"."(Thompson ; 2005).

Enfim Thompson identificou que o controle do "não-trabalho" (ócio) foi importante para garantir o progresso do capitalismo industrial.

No próximo post veremos as mudanças que ocorreram, com relação a essa realidade, na sociedade pós-industrial.


Referências:

THOMPSON, E.P. “Tempo, disciplina de trabalho e capitalismo industrial”. Costumes em comum. Estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

A Gestão da Diversidade nas Empresas


“... Pare e perceba como seu dia-a-dia mudou
Mudaram os horários, hábitos, lugares
Inclusive as pessoas ao redor
São outros rostos, outras vozes
Interagindo e modificando você
E aí surgem novos valores
Vindos de outras vontades
Alguns caindo por terra
Pra outros poderem crescer...”
(Pitty)


As mudanças que vem ocorrendo nos campos político, social, econômico e tecnológico, vêm afetando diretamente as formas de relação no trabalho, com isso a necessidade do gerenciamento da diversidade se tornou fundamental, pois saber lidar com as diferenças é um diferencial competitivo muito importante para as organizações.

De acordo com Oliveira e Rodriguez (2004) num ambiente competitivo que impõe às empresas novos desafios e demandas, a produtividade, a inovação e compromisso social são requisitos para o sucesso e para a sustentabilidade dos negócios. Dessa forma, cada vez mais, a Gestão da Diversidade tem sido estimulada pelas organizações e os motivos vão desde a responsabilidade social até a tentativa de tornar o ambiente mais inovador, pela aglutinação de perfis, formações, raça, idade, gênero e experiências diferentes.


Entende-se por Diversidade a maneira como às diferenças e semelhanças entre as pessoas podem ser mobilizadas em benfeitoria dos indivíduos, da empresa e da sociedade.

Ashley (2005 p. 5) afirma que “hoje em dia as organizações precisam estar atentas não só a suas responsabilidades econômicas e legais, mas também a suas responsabilidades éticas, morais e sociais”. Segundo ela, a responsabilidade social engloba responsabilidades éticas em atividades que visam atender aquilo que os diversos públicos com os quais as empresas se relacionam, consideram legítimo ou que estejam ligados aos seus direitos e expectativas. Em meio a esse avanço da preocupação com a responsabilidade social, outro tema ganha destaque na esfera organizacional é a “Gestão da Diversidade”.


Gerir a Diversidade significa considerar as diferenças das pessoas que compõem uma organização, criando uma unidade, de forma a que os vários indivíduos se possam identificar nela, apoiando um sistema organizacional que permita gerir os recursos humanos existentes de modo a maximizar a sua habilidade para perceber e contribuir para a concretização dos objetivos da empresa, atingindo o seu potencial máximo sem haver discriminação de sexo, nacionalidade, idade etc. Para atingir este objetivo deve ser feito um reajuste da cultura organizacional, valores, sistemas e processos de forma a utilizar o capital humano da melhor forma possível (ULRICH, 2003).


Segundo O manual da diversidade do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social (2002) “Ao estimular a diversidade e atuar contra a discriminação, a empresa está fortalecendo o respeito mútuo entre as pessoas, o reconhecimento de suas particularidades e o estímulo à sua criatividade e cooperação”.

Acredita-se que ainda existem muitos desafios à transformação social e a inclusão efetiva das práticas de diversidade nas organizações em geral, isso mostra o grau de responsabilidade do gestor assegurando o melhor aproveitamento dos empregados, proporcionando um ambiente com altas taxas de inovação e criatividade, levando a empresa a alcançar os resultados desejados.


Referências:

INSTITUTO ETHOS.
Como as empresas podem (e devem) valorizar a diversidade. São Paulo: Instituto Ethos, 2000. (Maiores informações no menu ao lado no link "Manual da Diversidade - Instituto Ethos").
MONACO; Felipe de Faria et al. Administração de recursos humanos e as práticas de diversidade nas organizações: um estudo exploratório-descritivo. Santa Catarina, 2007.
OLIVEIRA; RODRIGUEZ. Gestão da diversidade: além de responsabilidade social, uma estratégia competitiva.
ULRICH, DAVE. (2003). Os Campeões de Recursos Humanos: Inovando para obter os melhores resultados. 8ª edição. Futura. São Paulo.


domingo, 13 de abril de 2008

Protocolo de Kyoto, uma solução para o aquecimento global?

"A crise climática é extremamente perigosa. Trata-se na verdade, de uma emergência planetária" (Al Gore, 2006).


Desde o início da Revolução Industrial na segunda metade do século XVIII, o Planeta começou a sentir os efeitos do crescimento industrial desordenado e consequentemente a mudança de temperatura causada através da poluição, emitida pelas indústrias nesse período.

Al Gore ex vice presidente dos Estados Unidos da América e o mais famoso porta voz do aquecimento global e de suas consequências, vem se destacando nesse meio por lutar pelas questões de cunho ambiental.
Em suas palestras pelo mundo, vem mostrando que há muitos anos projetou-se e estimou-se o aquecimento global, ou seja, é um assunto que ganhou força porque os desastres e catástrofes climáticas estão acontecendo com mais frequência e isto vem preocupando cada vez mais as pessoas.

As pesquisas segundo Gore (2006), mostram por exemplo que, se o manto da Groelândia ou da Antártida derreter, o nível dos oceanos vão aumentar em 5,5 e 6 metros, comprometendo seriamente as cidades litorâneas.

Preocupados com as possíveis consequências que o aquecimento global pode acarretar, alguns países resolveram entender que o nosso planeta está em estado de "emergência", com isso foi criado o Protocolo de Kyoto, fortalecendo a importância da preservação do meio ambiente.

O Protocolo de Kyoto, criado em 1997 na cidade de Kyoto (Japão), nome que deu origem ao protocolo, surgiu com a reunião de países que se dispuseram a aderir ao protocolo e o assinaram, assim se comprometeram a implantar medidas para a diminuição de emissão de gases. Ele também incentiva e estabelece medidas com intuito de substituir produtos oriundos do petróleo por outros que provocam menos impacto.
Diante das metas estabelecidas o maior emissor de gases do mundo, Estados Unidos, se desligou em 2001 do protocolo, alegando que a redução iria comprometer o desenvolvimento econômico do país.
O ano que marcou o início efetivo do Protocolo de Kyoto foi 2005, a partir disso, cresceu a possibilidade do carbono se tornar moeda de troca e os países que assinaram o protocolo, podem comprar e vender crédito de carbono, aumentando então o mercado de créditos de carbono. (Disponível em http://www.brasilescola.com/geografia/protocolo-kyoto.htm ).

O protocolo de Kyoto surgiu como uma "solução", um marco inicial da consciência humana para com o meio ambiente e a camada de ozônio. Se esse tratado será a "solução", só vai depender do comprometimento de todos os envolvidos com o tratado e também dos países que ainda não fazem parte, para a redução dos gases que estão prejudicando o nosso planeta.

"O que está em jogo é a sobrevivência da nossa civilização e a possibilidade de habitar a Terra. Este é o nosso único lar." (Al Gore, 2006).


Fontes:
http://www.brasilescola.com/geografia/protocolo-kyoto.htm acessado em 13/04/2008.
GORE, Albert. Uma verdade incoveniente. Ed. Manole. São Paulo. 2006.






sábado, 29 de março de 2008

Freud explica: “Todo o indivíduo é portador da bissexualidade psíquica”

Você já deve ter ouvido falar na palavra Sexualidade. Um conceito muito usado para referir o campo das práticas e sentimentos relacionados à atividade sexual dos indivíduos. Mas nem sempre a sexualidade foi vista e explorada da forma como é hoje.

"Freud colocou por terra qualquer ordenação preestabelecida da sexualidade, bem como, a opinião corrente de uma suposta relação natural de atração e complementaridade entre os sexos. Nada na sexualidade está garantida, a pulsão sexual pode investir os mais diferentes objetos que lhe causam prazer, ela é assim variável, múltipla, dissociada da genitalidade" (Neri, 1999: 178).

Freud, pai da psicanálise, um dos grandes percussores por difundir os estudos nessa área, utilizou a bissexualidade como tema central de suas teorias sobre como a cultura e a psique são formadas, tanto pelo lado físico, quanto pelo lado psicológico. A teoria que deu início aos seus estudos foi o “complexo do Édipo”, onde ele acreditava que a “bissexualidade” vinha da infância.

“Se buscarmos na história, entre os gregos a bissexualidade não era vista como uma "aberração" ou sinal de "desvio" era tido sim como ponto pacífico em muitos contextos. O próprio Freud observa que na Grécia "os homens mais masculinos estavam entre os invertidos"”(Garber, 1995).


Quando Freud diz que "todo o indivíduo é portador da bissexualidade psíquica", ele quer dizer que "cada ser humano tem impulsos masculinos e femininos", ou seja, nós seres humanos nascemos como seres biológicos macho/fêmea e à medida que crescemos desenvolvemos cada lado dos pólos masculino/feminino e muitas vezes sem sabermos agimos ou pensamos como indivíduos do sexo oposto.



Fontes:
Livro: GARBER, Marjorie. Bissexualidade e Erotismo na Vida Cotidiana. cap 7
Livro: NERI, Regina. As pulsões. Editora Escuta
http://www.fundamentalpsychopathology.org/anais2006/4.66.3.1.htm acesso em 25/03/2008
http://www.psiconica.com/psimed/files/a_sexualidade_feminina.pdf acesso em 25/03/2008

quinta-feira, 13 de março de 2008

Cota Racial: Acesso a Educação ou Racismo?

Um dos períodos mais marcantes da história brasileira diz respeito à escravidão, uma forma de relação social adotada até os tempos do Brasil império. Na qual os negros foram “utilizados” como força de trabalho em condições extremamente desumanas.
Apesar da abolição da escravatura ter ocorrido a mais de 100 anos atrás ainda hoje o preconceito se faz muito presente em nossa sociedade.
Em meio esse contexto foi lançado recentemente pelo governo federal o programa de ações afirmativas destinando um percentual das vagas nos cursos superiores brasileiros para os afrodescendentes fato esse que vem desencadeando inúmeras manifestações sejam elas a favor ou contra.
O Governo federal acredita que a educação é um direito de todos independente da cor da pele. Um dos principais objetivos das cotas é garantir um tratamento igualitário, universal por parte do estado a todos os cidadãos brasileiros, sendo uma forma de correção da desigualdade dando um tratamento ao um grupo cuja diferença é tratada historicamente de forma desigual.